Abandonment - parte 2

sábado, 18 de setembro de 2010

Ela se sentia, incomumente, desligada do mundo. Os passos corridos lhe pareciam tanto alucinações.
A terra tremia levemente sob seu corpo debilitado e ela sentia as ondas sonoras chocarem contra seu corpo. Mas tudo era tão real.
Hesitante abriu os olhos cor de mel já sem brilho, nessecitava correr. Será que eles não percebiam que estava na hora de parar?
As lágrimas invadiram seu rosto imundo e ela levantou-se com um pouco se dificuldade. Como sempre iria embrenhar-se mais na floresta, se fosse possível. Começou seu andar lento, desajeitado, as pernas estavam fracas demais. O barulho foi ficando mais alto e seu desespero maior. As coisas não podiam terminar assim. Tentou desviar-se entre as árvores, mudar o caminho repentinamente, porém nada parecia mudar aquilo. Tudo a perseguia, aqueles de quem ela tinha fugido e conseguido se esconder durante tanto tempo.
Sua respiração falhava, o cansaço de todos os dias lhe pesava nos ombros. Como a dor era lacinamente. Lágrimas escorria por seu rosto sujo, olhadelas para trás enquanto corria desajeitadamente, visão turva e medo. Porque eles iriam conseguir logo agora? Eles não podiam. Não entendia porque a terra parecia engolir seus pés, puxa-la para baixo como se quisesse que ela fosse destruída.
Sentiu alguém lhe puxar as doces madeixas vermelhas tão bruscamente que gritou. Fazia tempo que não escutava sua voz em toda sua plenitude.
A mão era rude e agarrava-lhe fortemente pelo cabelo, jogou-lhe para frente fazendo-a cair de joelhos. Ela levantou abalada e voltou a tentar correr. Olhava para trás mais constantemente, podia vê-los atrás das árvores, os uniformes escuros e a sede por sua morte. Como seria fácil para eles a destruírem quando a pegarem.
De repente um passo infalso ao olhar pra trás, caiu num rio profundo que não tinha visto por causa da densa mata. Debateu-se no rio, a agua passando por seu corpo de jeito rápido e fácil, como se nem estivesse ali. A agua lhe entrava pela boca, olhos, narizes e ouvidos. Ela podia ouvir eles rindo na margem, podia imagina-los comemorando com cerveja quente e carne fria.
Que comemoração decadente.
Ela era apenas mais uma presa, mais uma a ser pega e morta. Talvez fosse esquecida depois de um ou dois dias, mais seu sangue pulsava quente em suas veias ainda. Seus braços pesavam cansadamente e, de repente, tudo pareceu difícil e cansativo demais. Precisa dormir um pouco. A morte finalmente lhe acalentava lentamente, lhe puxava para seus braços doces e a afagavam. De repente tudo se aquietou, a luta cessou, as bolhas foram suspensas, olhos fechados e finalmente o sorriso de um anjo.
Finalmente ela poderia despertar do pesadelo e alimentar seus belos sonhos feitos praquela tal estrela cadente que um dia a fez enxergar.

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