I left it all behind

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Deixei tudo pra trás, esqueci a porta aberta e agora o medo chegou. Abandonei minhas indecisões, me livrei do medo banal e rejeitei o sofrimento opcional. Eu cresci de um jeito inimaginável e minha fraqueza derrota sua força.

Deixei tudo pra trás, perdi a chave da porta que ainda está aberta e agora a insanidade me persegue. Revejo pequenos fatos, minúsculos retratos, fragmentos de lembranças que um dia quis reviver. Revejo simples memórias, almejo antigos desejos, tento reviver momentos que nunca vivi.
Deixei tudo pra trás e agora quero voltar, a porta agora está trancada e não fui eu que tranquei. E num momento de pura decadência percebi o que tinha acontecido, algo diferente nessa tentativa brutal de seguir em frente. Tudo me deixou e eu fiquei pra trás.

Abandonment - parte 2

sábado, 18 de setembro de 2010

Ela se sentia, incomumente, desligada do mundo. Os passos corridos lhe pareciam tanto alucinações.
A terra tremia levemente sob seu corpo debilitado e ela sentia as ondas sonoras chocarem contra seu corpo. Mas tudo era tão real.
Hesitante abriu os olhos cor de mel já sem brilho, nessecitava correr. Será que eles não percebiam que estava na hora de parar?
As lágrimas invadiram seu rosto imundo e ela levantou-se com um pouco se dificuldade. Como sempre iria embrenhar-se mais na floresta, se fosse possível. Começou seu andar lento, desajeitado, as pernas estavam fracas demais. O barulho foi ficando mais alto e seu desespero maior. As coisas não podiam terminar assim. Tentou desviar-se entre as árvores, mudar o caminho repentinamente, porém nada parecia mudar aquilo. Tudo a perseguia, aqueles de quem ela tinha fugido e conseguido se esconder durante tanto tempo.
Sua respiração falhava, o cansaço de todos os dias lhe pesava nos ombros. Como a dor era lacinamente. Lágrimas escorria por seu rosto sujo, olhadelas para trás enquanto corria desajeitadamente, visão turva e medo. Porque eles iriam conseguir logo agora? Eles não podiam. Não entendia porque a terra parecia engolir seus pés, puxa-la para baixo como se quisesse que ela fosse destruída.
Sentiu alguém lhe puxar as doces madeixas vermelhas tão bruscamente que gritou. Fazia tempo que não escutava sua voz em toda sua plenitude.
A mão era rude e agarrava-lhe fortemente pelo cabelo, jogou-lhe para frente fazendo-a cair de joelhos. Ela levantou abalada e voltou a tentar correr. Olhava para trás mais constantemente, podia vê-los atrás das árvores, os uniformes escuros e a sede por sua morte. Como seria fácil para eles a destruírem quando a pegarem.
De repente um passo infalso ao olhar pra trás, caiu num rio profundo que não tinha visto por causa da densa mata. Debateu-se no rio, a agua passando por seu corpo de jeito rápido e fácil, como se nem estivesse ali. A agua lhe entrava pela boca, olhos, narizes e ouvidos. Ela podia ouvir eles rindo na margem, podia imagina-los comemorando com cerveja quente e carne fria.
Que comemoração decadente.
Ela era apenas mais uma presa, mais uma a ser pega e morta. Talvez fosse esquecida depois de um ou dois dias, mais seu sangue pulsava quente em suas veias ainda. Seus braços pesavam cansadamente e, de repente, tudo pareceu difícil e cansativo demais. Precisa dormir um pouco. A morte finalmente lhe acalentava lentamente, lhe puxava para seus braços doces e a afagavam. De repente tudo se aquietou, a luta cessou, as bolhas foram suspensas, olhos fechados e finalmente o sorriso de um anjo.
Finalmente ela poderia despertar do pesadelo e alimentar seus belos sonhos feitos praquela tal estrela cadente que um dia a fez enxergar.

Abandonment - parte 1

A estrela passou, abalou a visão do povoado e fez os cegos enxergarem...


-As vezes sonhos são apenas sonhos, sabia? Ou nós os tornamos realidade, basta alimentá-los com pesadelos.-uma olhadela no céu com aqueles lindos olhos sonhadores e horríveis expressões de desistência. A cálida noite começava com ventos sórdidos, barulhos estranhos e sussurros assustadores. Uma noite normal. A bela menina de cabelos vermelhos se encontrava deitada na relva, sentindo a terra em contato com a pele, aquele odor tão refrescante lhe alcançando as narinas.

Os olhos se fecham, a noite começa - ou são apenas pesadelos.

A pele alva suja de terra, as madeixas encardidas, o vermelho tão puro manchado.Não era sangue derramado, não ainda. A respiração lhe falhou durante um segundo e ela acordou assustada, ansiosa e angustiada. Folhas farfalhavam, animais se comunicavam num silêncio acusador e o vento assobiava. Ela se sentia numa ultima história.

Ainda não era a hora, mas tudo a matava lentamente, ela sentia.

Um tentativa de olhar o céu novamente, porque ela não conseguia ver? Podia sentir as grama baixa, as folhas secas que suas mão amassavam. Podia sentir o solo lamacento, sentir o leve odor de madeira. Sensações. Dedos nos lábios; mãos nos cabelos; berros.Berros secos, tingidos magnificamente de vermelhos, arranhados por tristezas e torturantes. Berros que ninguém ouvia. Jogou-se na terra de novo; porque tinha se escondido ali mesmo? Se repugnava por estar naquela floresta densa onde não podia ver as lindas estrelas.

Vozes lhe perseguiam, marcavam o tempo de esconderijo. Onde está a saída?

Seu sono lhe faltava a dias, o cansaço e a necessidade de fechar a vista aumentava com os segundos no escuro brutal. Talvez estar perdida no meio de tanto verde tivesse maltratado seus olhos, pois agora eles ardiam constantemente e ela jurava que a luz quase lhe cegava. As palavras saiam roucas e a garganta estava machucada, mas porque? Já devia ter melhorado das graves feridas, mas o tempo sem falar estava começando a lhe afetar.

O vento soprava suave, seu cabelo dançava levemente por seu rosto e terra. O tempo não parecia passar.

Deixar-se morrer ali parecia ser tão fácil e agradável. A terra macia e fria, a chuva que -as vezes- ali gotejava, os vermes que já andavam pela terra esperando seu corpo pútritar. Feixes de luz, ar nos pulmões, sensações de aconchego. A morte podia esperar, a vida estava parecendo boa. O dia nascia e ela ainda estava ali, calculando a hora certa de desistir. Talvez essa hora não existisse.

... Stay here

terça-feira, 14 de setembro de 2010

- Espere! - minha voz ecoou entre as árvores daquele bosque.

Eu estava quieta no pequeno parque ali próximo, onde o sol acalentava o vento gelado. Lia meu livro tranquilamente, tentando fugir de pensamentos inquietantes.
E alguem passa correndo, bate em meu livro que vai ao chão e se embranha no bosque, desaparecendo.
Eu corria, corria mais do que minhas pequenas pernas deixavam. Via seu vulto a frente e, mesmo sabend que era impossivel, tentava te alcançar.
- Espere! - minha voz ecoou entre as árvores daquele bosque.
Você foi diminuindo a corrida até estar andando e encostar em um tronco que estava ao chão.
Tambem diminui meu passo e caminhei tentando recuperar meu folêgo e esquecer todo o esforço que havia feito por alguem desconhecido. Posso dizer que, quando virou o rosto e olhou-me, a terra girou e meu ar, tão escasso no momento, foi suspenso. Você não era um desconhecido.
- Ainda quer que espere? - sua doce voz entrou em meus ouvidos e me permite, por alguns segundos, fechar os olhos e me deliciar com ela.
- Por favor... - mas era tarde demais, você havia sumido, desaparecido naqueles segundos de puro extase. Sua voz tão doce se repetia em minha mente.
Meus olhos ficaram sem foco, me senti inutil e uma sensaçao de vazio me invadiu. Você escapara, sumira. Olhei para trás, para frente, pros lados. Por onde tinha vindo mesmo? O desespero me atingiu como um tiro.
Tentei correr, mas pra onde? Tentei me guiar pela paisagem, mas como se só o via correndo Tentei não chorar, mas como se havia me perdido em um bosque e você havia sumido? Ecostei-me em uma arvore e deixei-me cair. Sentia as lágrimas quentes, aquelas palavras escondidas, escorregarem por minha face e ir de encontro a terra.
E tudo o que fiz, durantes aqueles minutos tão demorados, foi deixar o desespero me escapar pelos olhos e gritava, gritava, ouvia o ecoo ao longe e voltava a gritar. Quem sabe, se me ouvisse, você voltaria.
Deixei minhas forças esvairem e, no final, minha voz era apenas um sussurro, e das lágrimas me sobraram apenas o rosto molhado e os olhos inchados.
E quando estava por tombar inérte na terra, desistindo do sol que sumia entre a escuridão, você apareceu novamente. Andou até mim, sentou-se a meu lado e deixou-me cair em seu colo.
- ... Fique aqui. - agarrei-me com força a você e voltei a chorar, um choro de criança.
- Acorde. - sussurrou em meu ouvido. Sua voz, sua doce voz. Seu toque, tão macio e suave. Seu carinho tão acalentador e seu abraço tão seguro.
E tudo o que pude fazer foi dormir, dormir em seu abraço aconchegada em seu calor, dormir no meio da desistencia de me achar. E tudo o que pude fazer foi dormir e, quem sabe, ainda não acordei como ele me pedira.

Without Fear

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Nessas pequenas histórias tem pedaços de mim, nesses pequenos relatos a fragmentos desconhecidos de um sentimento vivo. E eu leio e releio e tento achar um jeito de dizer mais. Você entrou no meu mundo de jeito lento, rastejando. O silêncio arrogante foi abatido pelos seus sussurros e acalentaram meu sono profundo. Tive meus sonhos mais belos ouvindo aquela música tão singela, aquela que me fazia ter sorrisos e me dava paz.
E você me acordou e eu não ouvia mais gritos e por mais que eu tentasse minha visão estava nula e minha voz fraca. Eu procurava algo ou alguém em me apoiar, procurava alguém pra me ajudar e foi ai que seus sussurros me roubaram. Fui seguindo o som leve que me era familiar, aquela música singela que abalara meus sonhos.
Eu te toquei e segurei na sua mão, era quente e confortável. De pouco em pouco fui ouvindo mais, fui percebendo como sua voz me deliciava. De pouco em pouco fui enxergando mais, fui vendo como sua beleza me era completa e como seu sorriso me deixava feliz. De pouco em pouco minha voz foi melhorando, e eu finalmente podia dizer eu te amo. E agora eu sei, agora eu posso ter certeza. Agora eu posso voltar a dormir, sem medo.