
Um livro em minhas mãos, contos de princesas, bruxas, príncipes e reinos. Contos de amor, amizade, confiança, eternidade.
Meus olhos pregados nas letras, que juntas, formavam palavras de mais uma declaração eterna.
Escrituras gravadas no papel e no coração de quem ouviu.
Minha mão acariciava as páginas de tal livro, de tal esconderijo para um sentimento tão puro.
Eu sentia a aspereza das folhas e a capa de couro era tão dura, e me perguntava porque tal livro tinha aparência tão rude se era tão belo.
E eu pude sentir cada palavra lida, cada sussurro meu junto com a história escorrer por meu rosto.
E naquele entardecer, escondida entre as estantes repletas de livros de alguma biblioteca, perdida na mesmice daquele lugar com um livro nas mãos e sentimento, segredos, uma vida a rolar por meu rosto de jeito quente, de gosto tão salgado.
O sol sumia no horizonte e a luz no lugar diminuía.
O ultimo feixe de luz sumia e se perdia na chegada escuridão e, nesse momento, um barulho de uma porta sendo destrancada ressoou entre as estantes e o livro tão belo foi ao chão aumentando o ecôo.
Meus olhos arregalados, meu rosto molhado, minhas mãos tateando o chão em busca daquele livro, aquele livro escrito com tanto cuidado, um livro que se intitulava ‘A vida: só mais uma vida’, um livro de contos, de uma vida, da minha vida.
Eu escutava passos e ficava mais apavorada, perdida, cega.
E se aproximava, eu podia escutar, balbuciava algo, não dava pra entender. Será que também estava perdido?
E quando finalmente havia encostado em meu livro, ele fora arrancado de minha mão e meus dedos deslizaram por sua capa até sentir o vácuo.