This life - parte 2

domingo, 13 de fevereiro de 2011


Me encolhi em um canto e pus-me a chorar novamente, eu queria a minha história de novo, queria fingir que o meu passado ainda era presente e tentar ter aquela luz de novo, aquela que nem a escuridão engolia.
Não sei se passaram minutos, horas, dias... Mas você apareceu segurando meu livro e sorrindo.
E eu percebi que meu choro havia embaçado meus olhos e eu não pude te ver ali na minha frente todo esse tempo.
E eu percebi que as minhas lamentações haviam me ensurdecido para seu chamado constante.
E eu percebi que havia luz em meio a tanto ‘breu’, e eu percebi que não havia mais lágrimas ou sentimentos a lamentar e sorri. Simplesmente sorri de volta pra ti.
Na minha mente as ultimas páginas do ultimo capitulo escrito eram lembradas e eu percebi que o adeus fora proferido.
Você me estendeu a mão e eu aceitei, você cuidou de mim e eu melhorei, você me fez feliz e eu me apaixonei.
Você me ofereceu o livro de volta e eu o peguei, o abracei e abri.
Acariciei as folhas mais macias e a capa mais delicada.
Fui para o último capitulo e descobri que havia um novo, onde a letra era mais bonita, onde não havia marcas de lágrimas e caneta borrada.
E eu finalmente percebi que não era mais um capitulo meu, era nosso.
Que depois de um capitulo tão longo havia um novo e melhor.
O livro estava tão mais delicado, tão mais suave que, agora sim, parecia um livro digno de uma história de amor.
Entreguei-o de volta para o menino que me roubara, eu sabia que tinha que ficar com ele, agora era ele que cuidava de mim e eu sabia que, enquanto fosse assim, tudo estaria bem.

This Life - parte 1

terça-feira, 14 de dezembro de 2010


Um livro em minhas mãos, contos de princesas, bruxas, príncipes e reinos. Contos de amor, amizade, confiança, eternidade.
Meus olhos pregados nas letras, que juntas, formavam palavras de mais uma declaração eterna.
Escrituras gravadas no papel e no coração de quem ouviu.
Minha mão acariciava as páginas de tal livro, de tal esconderijo para um sentimento tão puro.
Eu sentia a aspereza das folhas e a capa de couro era tão dura, e me perguntava porque tal livro tinha aparência tão rude se era tão belo.
E eu pude sentir cada palavra lida, cada sussurro meu junto com a história escorrer por meu rosto.
E naquele entardecer, escondida entre as estantes repletas de livros de alguma biblioteca, perdida na mesmice daquele lugar com um livro nas mãos e sentimento, segredos, uma vida a rolar por meu rosto de jeito quente, de gosto tão salgado.
O sol sumia no horizonte e a luz no lugar diminuía.
O ultimo feixe de luz sumia e se perdia na chegada escuridão e, nesse momento, um barulho de uma porta sendo destrancada ressoou entre as estantes e o livro tão belo foi ao chão aumentando o ecôo.
Meus olhos arregalados, meu rosto molhado, minhas mãos tateando o chão em busca daquele livro, aquele livro escrito com tanto cuidado, um livro que se intitulava ‘A vida: só mais uma vida’, um livro de contos, de uma vida, da minha vida.
Eu escutava passos e ficava mais apavorada, perdida, cega.
E se aproximava, eu podia escutar, balbuciava algo, não dava pra entender. Será que também estava perdido?
E quando finalmente havia encostado em meu livro, ele fora arrancado de minha mão e meus dedos deslizaram por sua capa até sentir o vácuo.

Dreams

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Quando sonhos se tornam realidade? Sonhos podem se tornar realidade?

E quando tínhamos 5 anos de idade tudo era possível, até aquele dia em que você jurou ter visto um Pégaso. Porém, em algum momento, talvez na calada da noite, nos sussurros do silêncio, deixamos algo escapar sem percebermos, algo quente e ingénuo.
Em alguns momentos lembramos da nossa infância, de como os sorrisos eram permitidos o dia todo, a alegria fácil e a felicidade algo simples. E vemos o nosso agora, vemos o choro contido de toda noite, as palavras engasgadas e os sonhos apenas sonhos.
Talvez, em algum momento de toda jornada tenhamos perdido algo que uma criança tem em segredo, algo quente e ingénuo. Nós, desde pequenos, sonhamos. Nós, desde jovens, percebemos que, as vezes, sonhos são apenas isso, apenas sonhos.
Quem sabe, em alguma história de outras dimensões tais sonhos sonhados numa noite de decadência tenham sido alcançados, realizados num dia de sol onde tudo era quente e ingénuo, como um sorriso de criança.
Nós somos apenas isso, apenas os sonhos sonhados nessa noite de decadência de outra dimensão. Nós somos apenas isso, apenas sonhos realizados num dia de sol onde tudo era quente e ingénuo. Nós somos tudo isso, apenas isso. Uma multidão de sonhos, um calabouço de pesadelos, cheios de falas e sussurros, sustos e sorrisos. Sonhos que se alimentam de sonhos. E, quem sabe, no meio de tanto sonho, um dia alguém não encontra uma realidade.

I left it all behind

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Deixei tudo pra trás, esqueci a porta aberta e agora o medo chegou. Abandonei minhas indecisões, me livrei do medo banal e rejeitei o sofrimento opcional. Eu cresci de um jeito inimaginável e minha fraqueza derrota sua força.

Deixei tudo pra trás, perdi a chave da porta que ainda está aberta e agora a insanidade me persegue. Revejo pequenos fatos, minúsculos retratos, fragmentos de lembranças que um dia quis reviver. Revejo simples memórias, almejo antigos desejos, tento reviver momentos que nunca vivi.
Deixei tudo pra trás e agora quero voltar, a porta agora está trancada e não fui eu que tranquei. E num momento de pura decadência percebi o que tinha acontecido, algo diferente nessa tentativa brutal de seguir em frente. Tudo me deixou e eu fiquei pra trás.

Abandonment - parte 2

sábado, 18 de setembro de 2010

Ela se sentia, incomumente, desligada do mundo. Os passos corridos lhe pareciam tanto alucinações.
A terra tremia levemente sob seu corpo debilitado e ela sentia as ondas sonoras chocarem contra seu corpo. Mas tudo era tão real.
Hesitante abriu os olhos cor de mel já sem brilho, nessecitava correr. Será que eles não percebiam que estava na hora de parar?
As lágrimas invadiram seu rosto imundo e ela levantou-se com um pouco se dificuldade. Como sempre iria embrenhar-se mais na floresta, se fosse possível. Começou seu andar lento, desajeitado, as pernas estavam fracas demais. O barulho foi ficando mais alto e seu desespero maior. As coisas não podiam terminar assim. Tentou desviar-se entre as árvores, mudar o caminho repentinamente, porém nada parecia mudar aquilo. Tudo a perseguia, aqueles de quem ela tinha fugido e conseguido se esconder durante tanto tempo.
Sua respiração falhava, o cansaço de todos os dias lhe pesava nos ombros. Como a dor era lacinamente. Lágrimas escorria por seu rosto sujo, olhadelas para trás enquanto corria desajeitadamente, visão turva e medo. Porque eles iriam conseguir logo agora? Eles não podiam. Não entendia porque a terra parecia engolir seus pés, puxa-la para baixo como se quisesse que ela fosse destruída.
Sentiu alguém lhe puxar as doces madeixas vermelhas tão bruscamente que gritou. Fazia tempo que não escutava sua voz em toda sua plenitude.
A mão era rude e agarrava-lhe fortemente pelo cabelo, jogou-lhe para frente fazendo-a cair de joelhos. Ela levantou abalada e voltou a tentar correr. Olhava para trás mais constantemente, podia vê-los atrás das árvores, os uniformes escuros e a sede por sua morte. Como seria fácil para eles a destruírem quando a pegarem.
De repente um passo infalso ao olhar pra trás, caiu num rio profundo que não tinha visto por causa da densa mata. Debateu-se no rio, a agua passando por seu corpo de jeito rápido e fácil, como se nem estivesse ali. A agua lhe entrava pela boca, olhos, narizes e ouvidos. Ela podia ouvir eles rindo na margem, podia imagina-los comemorando com cerveja quente e carne fria.
Que comemoração decadente.
Ela era apenas mais uma presa, mais uma a ser pega e morta. Talvez fosse esquecida depois de um ou dois dias, mais seu sangue pulsava quente em suas veias ainda. Seus braços pesavam cansadamente e, de repente, tudo pareceu difícil e cansativo demais. Precisa dormir um pouco. A morte finalmente lhe acalentava lentamente, lhe puxava para seus braços doces e a afagavam. De repente tudo se aquietou, a luta cessou, as bolhas foram suspensas, olhos fechados e finalmente o sorriso de um anjo.
Finalmente ela poderia despertar do pesadelo e alimentar seus belos sonhos feitos praquela tal estrela cadente que um dia a fez enxergar.

Abandonment - parte 1

A estrela passou, abalou a visão do povoado e fez os cegos enxergarem...


-As vezes sonhos são apenas sonhos, sabia? Ou nós os tornamos realidade, basta alimentá-los com pesadelos.-uma olhadela no céu com aqueles lindos olhos sonhadores e horríveis expressões de desistência. A cálida noite começava com ventos sórdidos, barulhos estranhos e sussurros assustadores. Uma noite normal. A bela menina de cabelos vermelhos se encontrava deitada na relva, sentindo a terra em contato com a pele, aquele odor tão refrescante lhe alcançando as narinas.

Os olhos se fecham, a noite começa - ou são apenas pesadelos.

A pele alva suja de terra, as madeixas encardidas, o vermelho tão puro manchado.Não era sangue derramado, não ainda. A respiração lhe falhou durante um segundo e ela acordou assustada, ansiosa e angustiada. Folhas farfalhavam, animais se comunicavam num silêncio acusador e o vento assobiava. Ela se sentia numa ultima história.

Ainda não era a hora, mas tudo a matava lentamente, ela sentia.

Um tentativa de olhar o céu novamente, porque ela não conseguia ver? Podia sentir as grama baixa, as folhas secas que suas mão amassavam. Podia sentir o solo lamacento, sentir o leve odor de madeira. Sensações. Dedos nos lábios; mãos nos cabelos; berros.Berros secos, tingidos magnificamente de vermelhos, arranhados por tristezas e torturantes. Berros que ninguém ouvia. Jogou-se na terra de novo; porque tinha se escondido ali mesmo? Se repugnava por estar naquela floresta densa onde não podia ver as lindas estrelas.

Vozes lhe perseguiam, marcavam o tempo de esconderijo. Onde está a saída?

Seu sono lhe faltava a dias, o cansaço e a necessidade de fechar a vista aumentava com os segundos no escuro brutal. Talvez estar perdida no meio de tanto verde tivesse maltratado seus olhos, pois agora eles ardiam constantemente e ela jurava que a luz quase lhe cegava. As palavras saiam roucas e a garganta estava machucada, mas porque? Já devia ter melhorado das graves feridas, mas o tempo sem falar estava começando a lhe afetar.

O vento soprava suave, seu cabelo dançava levemente por seu rosto e terra. O tempo não parecia passar.

Deixar-se morrer ali parecia ser tão fácil e agradável. A terra macia e fria, a chuva que -as vezes- ali gotejava, os vermes que já andavam pela terra esperando seu corpo pútritar. Feixes de luz, ar nos pulmões, sensações de aconchego. A morte podia esperar, a vida estava parecendo boa. O dia nascia e ela ainda estava ali, calculando a hora certa de desistir. Talvez essa hora não existisse.